segunda-feira, 7 de maio de 2007

É PRECISO SABER VIVER


Bom, ainda não comentei nada sobre um assunto polêmico e extremamente grave para quem, como eu, sobrevive do uso das palavras. A censura do livro 'Roberto Carlos, em detalhes', de Paulo César Araújo é uma tapa na cara da sociedade (perdoem-me pelo momento Datena). O tal Rei acredita mesmo que sendo uma pessoa pública e que, através de sua popularidade alcançou tudo o que tem hoje, pode simplesmente mandar recolher o fruto de anos de pesquisa de alguém e sair com a imagem limpa?

Sei que deve ser um saco ter a vida pesquisada, exposta e tudo mais, é fato. Mas, então quer dizer também que quando convém, tudo certo? Roberto Carlos, aliás, repete um erro que já cometera antes. No começo de sua carreira, aproveitou para ser impulsionado cada vez mais rumo ao Olimpo com as manchetes do jornal Notícias Populares. Na década de 90, porém, entrou na justiça contra a publicação, que foi censurada, isso mesmo, anos depois da Constituição de 88, cen-su-ra-da e, logo depois, impedida de publicar uma serie de reportagens sobre sua vida.

O caso não é único. O livro 'Canto do Malditos', de Austregésilo Carrano Bueno, aquele que deu origem ao filme Bicho de Sete Cabeças, também foi censurado e retirado de circulação. O autor lutou na Justiça por mais de dois anos para colocar novamente a obra nas prateleiras. Mas, logo depois de conseguir uma vitória, a mão pesada da censura o jogou contra a parede dura de nossa realidade.

Sobre Roberto Carlos, fica a sorte da invenção dos CDs, que deixam sua obra atualizada. Sorte que suas letras ainda são cantadas por jovens artistas populares. Sorte que ainda tem que tire alguns minutos do dia, como eu, para escrever sobre o assunto. Porque se alguém daqui alguns anos quiser saber quem foi o Rei, apenas ficaria com a impressão de era alguém que nunca teve a majestade.

A censura ainda resiste no país.